terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

CEMITÉRIO DE PESSOAS VIVAS


SINOPSE:
Elas são belas, sensuais, inteligentes e estavam presas pelo mesmo motivo em 2005 eram cento e sessenta e um estrangeiros de trinta e cinco países diferentes que cumpriam penas somente no Rio de Janeiro, por tráfico internacional de drogas. Elas viviam cercadas pelas altas paredes de concreto com reforço de barras de ferro da penitenciária feminino “Talavera Bruce”, onde foram compiladas matérias para esta obra de reportagem ilustrada, uma babel nas celas do Rio. Na mediada em que se aproximava a liberdade para elas, fosse indígena ou forasteira seus semblantes ficavam leves, seus sorrisos abertos e seus passos, firmes em direção ao futuro. As estrangeiras, uma vez liberadas, eram expulsas do Brasil e rumavam de volta a seus países e não podiam retornar ao país por um determinado período. Algumas aparentemente ingênuas que na impossibilidade da sorte no cotidiano da vida e por desconhecer a gravidade do crime traçou sua vida pelos caminhos tortuosos, íngremes e que hoje se arrepende, mulher que se deixara catequizar com aparente facilidade de ganhar dinheiro fácil e resolver o seu problema financeiro, mudar de vida com facilidade e segurança, era a certeza de que estava ao caminho da podridão do crime. Situações como essas não são privilégios exclusivos das mulheres brasileiras, mas também das diversas estrangeiras que se encontram fora de seus países, vivendo num submundo antagônico, sem família, sem parentes, sem amigos, como uma sombra errante condenada à expiação dos seus delitos. Contatei algumas que me escreveram em Francês, Congo Democrático, Español, Filipino, Inglês e Tailandês. Algumas culpadas outras inocentes ou chamadas de “Bucha” ou “Laranja” que pagam pelos crimes dos outros, por não terem consciência da gravidade do problema que iriam enfrentarem perante a justiça brasileira caso fossem pegas fazendo o papel da chamada “mula”. Embora muitas vezes nem seja preciso cometer um crime para cair no submundo que vive “o cárcere”, basta um pequeno deslize ou algo infindável que a justiça já às coloca num desses depósitos de seres vivos para mulheres. Ai salve-se quem puder quem quiser como dizem, vão orando nos “Salmos 40”.

COMENTÁRIOS DA OBRA:
Várias histórias reais ilustradas e mostradas por meios de reportagens, cartas enviadas ou entrevistas concedidas diretamente ao escritor dentro da penitenciária “Talavera Bruce”. Cadeia do século XXI modelo da “ilusão e sonhos”. Cadeia aberta de regime fechado, onde as internas esquecem-se de viver para sobreviver o mundo que parece ser de fantasia, tentando esquecer o passado, lembrando o presente com o pensamento no futuro.
O autor Dory Magalhães traz fatos reais com personagens fictícios e narra o comportamento das presidiárias, diante das masmorras, do safismo, da religião, dos concursos de beleza e música, da convivência com os filhos que lá nascem, dos traumas com as visitas que não aparece, do trabalho diário que nem sempre são privilégio de todas
As leis do código penal não escrito daquele recinto não podem ser divulgadas através do veículo de comunicação que antes de ser editada passa pelo crivo censurador do sistema carcerário que não permite tal divulgação, quando se consegue algo censurável pelo sistema é através de u ma ou mais sigilosa entrevista. Uma obra repleta de informações e utilizando do glossário no final de cada volume ajuda o leitor a compreender alguns termos da língua carcerária Observa-se naquele recinto que a solidão entra sem pedir licença, chega com aparência bonita, alegre, moleca, ao mesmo tempo em que se mostra feia, triste e séria. Em cada semblante solitário figura a fisionomia arrebatadora, isso a transforma numa pessoa pretensiosa, inescrupulosa, de caráter celerado.

PÚBLICO ALVO:
O livro dá ênfase tanto para o público adulto como ao público jovem de ambos os sexos, A obra é proferida através de uma narrativa verdadeira, objetiva e de fácil compreensão.


ADEQUAÇÃO AO MERCADO:
Com base em fatos reais, o autor apresenta a obra “Cemitério de Pessoas Vivas”, onde mostra a realidade de uma comunidade capaz de sobreviver a tortura, a humilhação, à sujeira, a ingratidão e a traição, e até sorrir dizendo estar tudo bem, trancadas no submundo de tédio, diferente daquele mundo que as deixaram para trás ou que lhes arrancaram estupidamente de suas vidas. Um desconforto onde a aparente mentira é verossímil cujo “Direitos Humanos”, como de costume fingem não enxergar, ou melhor, esquece de fiscalizar. O autor Dory Magalhães, transporta os personagens desta vida real de uma forma natural que conduz o leitor a conhecer a realidade desse submundo feminino de adjetivo assolador, e que ainda é motivo de preconceito na sociedade dos inócuos. Uma obra que vai de encontro e a tempo com os interesses das autoridades e de toda a sociedade que almeja saber mais sobre essa desconhecida sociedade marginalizada. Estampa de uma comunidade que nunca pode revelar o seu próprio sofrimento, clamar por socorro, chorar sua dor, compartilhar seu aflito diante da censura exposta pelo sistema onde vivem e assim viver o conflito que por mais que imaginemos os horrores, vai muito além da imaginação dos que não vivem aquela situação distorcida para beneficiar interesses contrários.

PONTOS POSITIVOS:
• Não há dificuldades em acompanhar a leitura e entender do porque de muitas poucas pessoas saírem de fato recuperadas das cadeias femininas brasileira. Algumas demoram tanto tempos que ao conseguirem a sonhada liberdade, não sabem o que fazer com ela e por ausência do Estado constituído findam voltando ao mundo do crime e consequentemente para a prisão por falta de uma oportunidade na sociedade.

PONTOS NEGATIVOS:
• Fazer revisão ortográfica e gramatical.

COMENTÁRIOS DO PARECERISTA:
Uma obra real. O autor seguindo orientação e vontade das personalidades entrevistadas (detentas) segue o eixo da postura transparente do veículo de comunicação elaborado dentro do sistema prisional feminino, que em silêncio abre as cortinas de ferro para esconder uma realidade que à sociedade dos inócuos desconhece. Uma realidade bem diferente daquela que se lê no tablóide produzido sob os olhos da censura do sistema, sobre informações que não venham prejudicar aquela ou outra unidade qualquer do sistema prisional. A vida atrás das grades depois das cortinas de ferro, continua em parte sendo um mistério, mas as aparente comodidade que algumas conseguem através do trabalho, concursos, frequência religiosa, educacional faz com que se esqueçam as atrocidades cometidas no seu interior. Mesclam a realidade com a fantasia e engabelam as autoridades e a sociedade. De um lado a farsa disfarça o outro lado que vive em constante guerra pela sobrevivência. Uma disputa que começa no ingresso e só termina no egresso.
As demais qualidades são iguaiszinhas as comunidades masculinas, vivem cercadas por um muro branco de concreto armado chamado de “elefante branco”, ou uma “caixa de concreto” cheia de bandidos dentro. E a visão que se tem do extramuros fica a quilômetros da realidade do intramuros onde é determinantemente proibido dar entrevista denegrindo a imagem do sistema prisional a orientação vem da própria direção. Contudo, o uso da degradação humanitária e a falta de escrúpulos dos governantes, tanto nos presídios feminino como no masculino ainda exploram a mão de obra carcerária desde os tempos da escravatura.

Escritor: Dory Magalhães
E-mail: dory_magalhaes@oi.com.br

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